quinta-feira, 23 de setembro de 2010

Familia.


Um dia estão todos sentados à mesa, sorridente, silenciosa e carinhosa a família...




Antes desse um dia, muitos anos antes, no conforto do peito da mãe, na segurança da voz do pai, na alegria daqueles de sua geração, a vida fora tranquilo como nunca percebemos, a vida era despreocupada, a vida era criança. E tudo era natural, sem questionamentos e não existiam medos sem fundamentos. Normal era entrar em casa depois de brincar, levar um tapinha nas costas ou no bumbum e ouvir: vai tomar banho pra jantar, vai (pode ser que um drama antecedesse essa hora, dependendo da pouca idade, mas era assim). Normal, também, era levar uma bronca porque o quarto não estava arrumado ou não saíamos da frente do video game, ou mais, a nota naquela matéria que mais tínhamos dificuldade na escolinha não melhorava nem com reza braBa. Era normal, não era?


Entretanto, toda e qualquer dificuldade superada, por menor que nos parecesse, enchia de orgulho aqueles olhos que nos vigiavam desde o dia em que nascemos. Era um desenho mal feito e ao mesmo tempo tão maravilhoso; uma pedalada a mais na bicicleta sem cair, era conseguir se vestir sozinho, sem nenhuma ajuda.Parece pouco para a gente, mas pra eles será que também era assim?


Nós, os filhos, crescemos rápido, já quase não estamos presentes, porque descobrimos a própria vida, o caminho para seguirmos com nossas próprias pernas, mas é claro que nunca deicamos de dar notícias ou sempre nos fazer presentes. O amor sempre esteve ali e sempre estará nessa relação (até mesmo quando saem umas briguinhas). Aí a vida continua e as coisas vão mudando pouco a pouco.


E sem perceber como aconteceu, a mãe está internada. Nunca fumou, nem nunca bebeu e sofre ali, no leito, com câncer. Cai a ficha do valor que aquela mulher teve na vida de quem sempre seguiu seus passos, desde bebezinho. Aperta muito e dói no peito. Eu dei o valor que ela merecia durante a minha vida? É tudo tão automático hoje em dia: o bom dia é automático, o tchau e boa noite são automáticos.


Quando está todo mundo bem, não é preciso mais nada...Tá tudo bem, afinal, não é? Não, não é. Por vezes estamos presentes mas não estamos. O corpo está ali, mas e a cabeça? Um beijo, um simples gesto ants de sair, ao voltar, ao telefonar, uma conversa ao invés de assistir a tv, tudo isso pode mudar o dia de quem está do outro lado da linha, ainda mais quando se trata dos seus pais, não é? Eles valorizam isso, esse gestinho pequeno, minúsculo. E como.


Não custa nada e de qualquer forma, acontecerá, cedo ou tarde. Será que não vale a pena tentar ser um pouco melhor nesse meiom tempo que chamamos de vida? Por eles.


Vale.

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Thanx.